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Terminada a guerra de Manufahi, o governador Filomeno da Câmara tomou medidas drásticas em relação ao povo de Manufahi.
Dom Boaventura da Costa Souto Maior, régulo de Manufahi foi preso e levado para destino desconhecido. A 18 de Julho 1913, seria destituído de todas as honras: cessa as funções de régulo e perde a patente de coronel. Eram igualmente destituídos alguns régulos seus aliados: Dom Afonso Soares Pereira, rei-coronel de Bubiçuço; Dom Clementino Barreto Pereira, de Ulmera; Dom Miguel de Ermera.
Em Dili, foram presos alguns timorenses implicados na revolta: António de Ataíde, Luís de Ataíde, Manuel Bianco, Marçal Sequeira, Carlos da Costa Ximenes, Domingos de Sena Barreto, José Rafael de Araújo, Hipólito Mariano do Rego, Pio de Ataíde e Francisco do Rego.
As companhias de moradores de Díli, Sica (Colmera), Bidau, Aipelo e Batugadé foram dissolvidas. As companhias de moradores de Manatuto e Baucau foram transformadas em cipaios.
A guerra de Manufahi teria provocado a morte de 15.000 a 25.000 timorenses. Além disso grassava a epidemia de disenteria que ceifou muitas vidas, não só em Manufahai, mas também noutras partes de Timor. A 31 de Dezembro de 1912, o comandante militar de Baucau assinalava mais de 2.000 mortos; em Lautém, o comandante tinha assinalado 300 mortos.
Em consequência da revolta de Manufahi o governo tomou novas medidas de defesa e de segurança a nível militar; a nível administrativo nomeou comandantes militares europeus que passaram a controlar os novos régulos e datos. A nível social, criou medidas a obrigarem os timorenses a trabalharem e, sobretudo a plantarem café, cacau, coqueiro, ai-borracha, sisal.
A partir de 1913, os régulos de timorenses nunca mais gozaram regalias que vinham desfrutando desde tempos imemoriais, sito é, serem senhores absolutos nos seus domínios.
Porto, 25 de Janeiro de 2012.
Dom Carlos Filipe Ximenes Belo
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