Feb 2, 2012

OS PROTAGONISTAS DA GEURRA DE MANUFAHI

Amo Belo (foto: FH)
Na guerra de Manufahi foram vários os intervenientes, mas dois foram os protagonistas, quer pela condução das batalhas quer pela influência na história de Timor. Falamos de Dom Boaventura da Costa Souto Maior e de Filomeno da Câmara de Melo Cabral.

1º Dom Boaventura da Costa

Era natural de Same. E era filho de Dom Duarte da Costa e da senhora dona Rosa da Costa Noikerek. Dona Rosa era natural de Viqueque e era irmão do liurai Dom Mateus de Araújo (conforme Mestre António Vicente Soares) A minha opinião é de que Dona Rosa era irmã de Dom Mateus da Costa Rangel Pinto, régulo de Viqueque. Dom Boaventura teve um irmão, Vicente da Costa e duas irmãs: Maria da Costa e Quitéria da Costa.

Boaventura da Costa foi educado na escola das Missões Católicas, em Lahane (Díli). No Relatório sobre as Missões e estabelecimentos de ensino, o então Superior e Vigário Geral das Missões de Timor afirmava que Dom Boaventura “entrou no Colégio da Missão de Lahane em 1895, e foi raptado pelo povo de Manufahi em 1898, por ocasião da revolta daquele reino”. Nesse relatório, o nome dele era: Boaventura da Costa Fernandes.

Pensamos nós que foi “raptado” por homens mandados pelo pai, Dom Duarte, pois precisava do apoio do filho para conduzir as operações de rebelião contra o governador Celestino da Silva. Foi eleito régulo, em reunião de chefes presidida pelo governador José Celestino da Silva.

Dom Boaventura da Costa casou com dona Paulina, a filha do régulo de Maubisse. O casal teve uma filha: Dona Rosa da Costa.

Derrotado na guerra de Manufahi Dom Boaventura rendeu-se no dia 26 de Outubro de 1912. Foi preso e levado para Díli onde as autoridades lhe destinaram um destino desconhecido. Não sabemos se foi mandado para a cadeia de Aipelo (Bazartete), para o presídio de Balibó, de Batugadé ou para a ilha de Ataúro. Em 1913 foi destituído de todas as dignidades: de régulo de Manufahi e da patente de coronel.

Também se desconhece o dia da morte e do local onde foi enterrado. Alguns timorenses, entre os quais o antigo Bupati de Baucau, Abel belo, contam que o seu corpo ficou enterrado à entrada do cemitério da Santa Cruz em Díli.

Segundo o senhor António Vicente, autor do livro Pulau Timor, o régulo Dom Boaventura foi preso na margem do rio Clere entre Alas e Fauberliu. Foi levado para Same e depois para Díli. Foi mandado para o calabouço de Aipelo e dali para Batugadé. Em 1913, foi julgado por um tribunal em Balibó. Enquanto estava preso na tranqueira de Batugadé, foi entregue pelos guardas do presídio a alguns homens de Soe (Timor holandês), em troca de alguns garrafões de aguardente. Dom Boaventura foi então levado para Soe, onde viria a casar com a filha do régulo Hal-Tama, em Noemuti. Dom Boa faleceu em Soe, em data desconhecida, e foi enterrado a uns quinze quilómetros a norte de Soe. (cfr. António Vicente Soares, Pulau Timor, p. 93-94).

2º. Governador Filomeno da Câmara Melo Cabral, Governador de Timor entre 22 de Janeiro de 1911 e 29 de Setembro de 1917. Nasceu em Ponta Delgada (Açores) a 10 de Março de 1873 e alistou-se ma Armada em 8 de Novembro de 1890.

Foi o primeiro governador de Timor nomeado pela República. Na guerra de Manufahi foi comandante em chefe de todas as forças.

Regressado a Portugal desenvolveu várias actividades. Foi governador de Angola por duas vezes (1918-1919 e 1929-1931). Em 19 de Junho de 1926 foi nomeado Ministro das Finanças, mas esteve no lugar apenas 22 dias. Foi promovido a capitão-de-mar-e-guerra em 1930. Filomeno da Câmara faleceu em 27 de Janeiro de 1934.

Porto, 1 de Fevereiro de 2012
Dom Carlos Filipe Ximenes Belo

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