Timor
Jazigo de uma alma
Que não pereceu
Nas névoas
De uma história que se perdeu
Na distância das lendas
Timor
Montanha de ossos
De uma valentia
Que bocas guerreiras
Abençoaram seus filhos
Para a perenidade dos dias
Timor
Onde a morte
só se consagra no combate
Para deter a vida
E contar a história às crianças
Que nascem para recordar
Timor
Onde as flores
Também desabrocham
Para embelezar
as sepulturas desconhecidas
‘em noites frias, infindáveis’
Timor
Onde as pessoas
nascem para morrer
pela esperança
em rasgos de dor
em rasgos de carne
em rasgos de sangue
em rasgos de vida
em rasgos de alma
em rasgos da própria liberdade
que se alcança..
com a morte!
Kay Rala Xanana Gusmão
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